quarta-feira, 2 de junho de 2010

Medo de Dirigir




Medo de Dirigir
Autor: Marcelo Niel
Data: 01/09/09

É verdade, o mundo mudou. Carros mais velozes, novas formas de energia, telefonia, celular, computadores. Várias coisas também evoluíram no tocante ao comportamento humano, sobretudo quando falamos sobre o comportamento das mulheres: hoje elas estão inseridas no mercado de trabalho, ocupam postos de importância em empresas e órgãos governamentais, têm liberdade de expressão, liberdade de escolher seu vestuário, enfim, uma série de privilégios.

Hoje em dia, é muito mais comum que uma mulher saiba dirigir, tenha seu próprio carro, pegue estrada e, para quem ainda tem preconceito contra mulheres no volante, tratemos de desfazer esse mito: as mulheres sofrem menos acidentes (não é à toa que o seguro veicular é mais barato para elas), cometem menos infrações e cuidam melhor de seus carros. Tem chamado a minha atenção a infinidade de capacetes cor-de-rosa que transitam pelas ruas e avenidas da cidade: as mulheres agora são motoqueiras.

Tanta mudança, tanta evolução, mas uma coisa ainda não mudou: muitas mulheres ainda têm medo de dirigir. É claro que isso já mudou um pouco, mas ainda existem muitas mulheres que sofrem com o problema. Mas existem medos e medos. E pra cada tipo, uma solução diferente.

Nos casos mais brandos, o medo de dirigir está geralmente associado a uma sensação de incompetência, geralmente por influência do meio, pelo machismo, pelo preconceito, que rotulam as mulheres como incapazes de realizar tal função. As pessoas com esse tipo de insegurança são, em geral, mais inseguras, ansiosas e perfeccionistas, e sua dificuldade está muito ligada ao medo de cometer erros.

Existem pessoas que desenvolvem tal medo após uma situação traumática,como ter sofrido ou presenciado um acidente grave, assaltos, "sequestros-relâmpagos" ou mesmo após terem passado por problemas psiquiátricos, como a Síndrome do Pânico. Atualmente damos o nome a esses quadros de Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

Por último, existem aquelas pessoas que têm um medo tão grande e tão irracional, com uma recusa absoluta em tentar dirigir, que damos o nome de Fobia. Nesse caso, o medo não advém de sentimentos de insegurança ou após traumas e não regride facilmente. É um tipo de transtorno psiquiátrico semelhante a outras fobias, como medo de altura, medo de avião, medo de baratas, entre outras.

A boa notícia é que há diversos recursos para ajudarem as candidatas a motoristas. O primeiro passo é o mais simples: contar com a ajuda de um amigo, familiar ou cônjuge que tenha experiência e paciência para acompanhar, dando segurança e transmitindo confiança às aprendizes. Muitas mulheres desistem de dirigir devido à falta de apoio e encorajamento de familiares e principalmente MARIDOS!

Quando o medo é tão grande que essa solução "caseira" não surte efeito e a motorista nem mesmo consegue tirar a Carteira de Habilitação, o ideal é procurar ajuda especializada.

Nos últimos anos têm surgido diversos serviços profissionais que cuidam de pessoas que têm medo de dirigir: auto-escolas, psicólogos, grupos de apoio, geralmente baseados em técnicas comportamentais, como por exemplo,a Dessembilização Sistemática, onde a pessoa é gradativamente exposta ao problema, com frequência e intensidade maiores e, como consequência, vai ficando "curada" à medida que consegue suportar o estímulo.

Se ainda assim o medo persiste, a pessoa pode contar com a ajuda de medicamentos, geralmente antidepressivos, que vão auxiliar no tratamento da Fobia, diminuindo o medo, a ansiedade e facilitando a realização da atividade. Geralmente nesses casos, o uso de medicações, associado às terapias comportamentais com profissionais especializados, fornece melhores resultados.

E existem pessoas que não gostam ou não se interessam em dirigir. Como, infelizmente, vivemos numa sociedade consumista, onde ter um automóvel pode significar, muitas vezes, mais do que uma facilidade de locomoção, mas um "status" social, somos cobrados a possuir coisas que nem sempre são imprescindíveis. Ocorre que, pessoas que não sintam necessidade ou vontade de dirigir, não por insegurança, medo ou fobia, mas simplesmente pela ausência de desejo, podem ser erroneamente taxadas de "medrosas".

Enfim, é importante sabermos que se pode obter ajuda para superar esses medos. Mas é claro que o medo não desaparece da noite para o dia. É preciso ir devagar, respeitando os limites, o nível de ansiedade e o sofrimento da pessoa. Dirigir é uma atividade que envolve atenção e responsabilidade, não deve causar sofrimento e mal-estar.

Fonte :

www.mulheraovolante.com.br



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